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Frente Parlamentar aborda cotas e busca por espaços na Semana da Consciência Negra

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Calixto, Pereira e Geraldo Voluntário integram a atual legislatura da Câmara RC

Por que o 20 de novembro é feriado municipal?

Todos os anos, desde 2006, este questionamento volta à pauta em Rio Claro nos dias que antecedem o Dia da Consciência Negra. A Frente Parlamentar de Igualdade Racial do Legislativo local, composta pelos vereadores José Pereira dos Santos, Geraldo Voluntário e Sérgio Moracir Calixto, em entrevista para a TV Câmara, destaca a importância de se lembrar a data já que a luta contra o preconceito racial, após 125 anos da Abolição da Escravatura no Brasil, está longe de ser vencida.

De acordo com Pereira, vereador que encontra-se na quinta legislatura consecutiva, não se pode negar que avanços ocorreram, principalmente após a definição da lei das cotas nas universidades, porém a seu ver a sociedade brasileira ainda preserva de forma equivocada traços da herança escravista.

Calixto aponta que dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, revelam que pretos e pardos representam 50,7% da população brasileira. “E mesmo assim a ocupação de espaços, principalmente na vida pública, segue como barreira instransponível”, aponta o vereador.

Ao defender a busca por espaços, Geraldo Voluntário alinha o sistema de cotas nas universidades com as possibilidades do mercado de trabalho. Para o parlamentar, o negro já demonstrou ter capacidade profissional e agora com a abertura de vagas a vida acadêmica se tornou realidade para muitas pessoas da comunidade. “O racismo, infelizmente, existe. As oportunidades para o negro não aparecem na mesma proporção que para o branco”, disse o vereador.

Em 1998, através da iniciativa de Pereira, ficou instituída a Semana Municipal da Consciência Negra. “Tive a felicidade de encaminhar a proposta junto com o ex-vereador Sérgio Matheus”, recorda-se.

A cobrança, frisa o vereador Pereira, da comunidade negra em torno do feriado no dia 20 de novembro aumentou a cada ano. “A cobrança era justa já que grandes cidades como São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto já tinham instituído o 20 de novembro como feriado municipal”, salientou.

Em 2006, Pereira teve requerimento aprovado neste sentido. A partir desta iniciativa, após promulgação da lei, Rio Claro passou a integrar a lista extensa de cidades onde o Dia da Consciência Negra é feriado municipal. “Não é um dia de descanso. É um dia de debates e palestras. Dia da nação lembrar daqueles que ergueram este país com a força dos próprios punhos”, colocou.

Ainda, com relação, ao sistema de cotas nas universidades, tema que causa polêmica, Pereira observa que a medida diminuiu a diferença entre brancos e negros. “Quando o negro foi libertado, o branco já era doutor. Nossos antecedentes não tinham formação escolar básica, muito menos acadêmica”, apontou.

Geraldo Voluntário divulgou que a Câmara de Rio Claro conta agora com a Frente Parlamentar de Igualdade Racial para que as reuniões com associações de bairros, entidades e grupos organizados possam se avolumar. “Somos capazes de exercer qualquer cargo, incluindo o público. Mas, infelizmente, as portas seguem fechadas”, alertou o vereador ao lembrar que muitos negros possuem salários menores que dos brancos exercendo a mesma função.

Ao destacar a parte cultural, Calixto observou que Rio Claro sediou na década de 80, importante manifestação da comunidade negra: o Feconezu (Festival Comunitário Negro Zumbi). “Recordo-me que estava em Botucatu. Na solenidade de encerramento foi aberta a inscrição para as cidades que tivessem a intenção de sediar a festa. No ano seguinte, o evento aconteceu em Jundiaí e na sequência em Rio Claro. Recebemos delegações de várias regiões do Brasil”, frisou.