Reclamações diversas de parte do Legislativo e da comunidade levaram o líder do Governo na Câmara Municipal de Rio Claro, vereador João Zaine a convocar reunião com representantes do Ambulatório Médico de Especialidades, o AME, e da Fundação Municipal de Saúde. Por entender que na maioria das vezes o clamor popular tem fundamento, já que na pauta estão reivindicações na área da saúde pública, o parlamentar avaliou que através de um encontro ambas as partes teriam a chance de expor as suas dificuldades e traçar desta forma metas a serem atingidas.
Na reunião realizada na manhã da última segunda-feira, nas dependências do AME, estiveram presentes: Patrícia Falabella Leme, coordenadora assistencial do ambulatório; Glauco Paraluppi, diretor médico do ambulatório; Richard Blumel, engenheiro que atua na área de equipamentos à Saúde; Carmem Silvia Weissmann Borges, Marco Sartori, Edison Rodrigues Filho e Geraldo Oliveira Barbosa, todos da Fundação Municipal de Saúde.
Após mais de duas horas de reunião apurou-se que o ponto que mais fragiliza a Fundação de Saúde no momento diz respeito ao transporte de pacientes para São Paulo com seus respectivos acompanhantes.
Patrícia Leme esclareceu que a exigência do acompanhante vem do prestador de serviço na capital. “Não é uma determinação do AME, tenham a certeza disso”, enfatizou. O diretor Edison Rodrigues comentou que o transporte diário dos pacientes com seus acompanhantes vem onerando o orçamento da Fundação de Saúde. Carmem Borges completou dizendo: “Estamos assumindo alguns exames para conter os gastos com viagens. A Fundação não está suportando o custo”, afirmou.
A coordenadora do AME observou que por dia cerca de 30 pacientes são encaminhados para exames na Capital e alertou para o risco da redução deste número. “Não podemos caminhar nesta direção já que o nosso objetivo principal é garantir atendimento médico a quem precisa. Mas, se Rio Claro deixar de enviar 30 pacientes por dia para transportar somente 11, por exemplo, por dia ficariam 19 pessoas para trás a espera do novo agendamento que iria levar de seis a oito meses para acontecer”, alertou.
Na reunião, a Fundação de Saúde ficou de verificar a possibilidade de enviar um técnico de enfermagem como acompanhante de todos os pacientes que seguem diariamente para São Paulo como forma de eliminar o problema financeiro que sufoca a entidade no momento. “Se for possível trata-se de uma alternativa muito boa já que os pacientes terão a companhia de um enfermeiro na viagem ao invés de uma pessoa leiga na área da saúde”, disse o vereador Zaine. “Mas, é preciso antes averiguar se esta possibilidade é possível com os prestadores de serviços na capital”, acrescentou.
Outro ponto discutido na reunião refere-se ao esclarecimento das vagas de atendimento que o AME disponibiliza em Rio Claro com as vagas que a prefeitura, via Fundação de Saúde, necessita. Neste setor ocorre um desalinho por conta de convênios que o município tem firmado em algumas áreas de atendimento. O AME por sua vez não pode deixar vagas de atendimento abertas se a cidade não apresentar demanda.
O AME admite dificuldade no setor de oftalmologia. A coordenadora Patrícia Leme divulgou que hoje o atendimento ocorre não como deveria ser já que para completar o quadro funcional faltam dois profissionais. “Estamos realizando concurso para fazer as contratações”, disse.
Situação semelhante acontece na área de ultrassom. O AME conta atualmente com três profissionais e revela a dificuldade para ampliar o quadro de funcionários. Edison Rodrigues enfatizou que a prefeitura comprou um aparelho de ultrassom, mas, o investimento é insuficiente para dar conta da demanda.
Patrícia Leme adiantou ser possível aumentar o número de atendimentos do ultrassom vaginal, porém, explicou que o AME conta apenas uma médica para fazer o serviço. “Se ocorrer qualquer situação que impossibilite o seu trabalho esta cota zera na mesma hora”, explicou.
Representantes questionaram o motivo pelo qual o AME recebe críticas de parte da Câmara Municipal. João Zaine explicou que a Câmara é uma extensão do povo e neste sentido há um grave problema que precisa ser consertado. “Passaram uma informação para a comunidade que o AME é uma a porta de entrada para o Hospital da Unicamp e na prática isso não é verdade. Por isso, muitas pessoas se irritam ou ficam chateadas. Pensam que basta se apresentar aqui no AME para ter os seus problemas totalmente resolvidos”, detalhou.
A coordenadora Patrícia Leme frisou que o AME “não é e nunca foi porta de entrada para a Unicamp”. Explicou que a unidade de Rio Claro tem como função a realização de exames “seja aqui ou em qualquer outra cidade, incluindo a capital, onde as vagas de atendimento estão disponibilizadas”.
Carmem Borges, que atua na Central de Regulação da Fundação de Saúde, alertou os representantes que muitos médicos do AME citam a necessidade do paciente passar pela Unicamp e isso causa problemas para a prefeitura. “Estamos combatendo isso internamente. Precisamos de informações dos pacientes ou da Fundação de Saúde para identificar os focos desta informação errônea”, sinalizou.
Diretor médico do AME, Glauco Paraluppi adiantou que na próxima reunião que tiver com a Diretoria Regional de Saúde, a DRS, vai verificar a possibilidade dos exames de alta complexidade serem realizados na região de Rio Claro ao invés do agendamento acontecer para São Paulo como vem ocorrendo.
João Zaine finalizou dizendo que as carências levantadas farão parte de um documento técnico, a ser elaborado pela Fundação Municipal de Saúde, o qual será entregue ao titular da Secretaria Estadual de Saúde. “O trabalho do AME está ligado ao da Fundação e vice-versa em vários pontos. Defendo que muitos problemas podem ser resolvidos ou pelo menos amenizados através do diálogo. Por isso convidei representantes dos dois lados e hoje estamos aqui buscando soluções”, finalizou João Zaine ao frisar que o “povo não reclama, principalmente na área da saúde, sem ter razão”