Na linguagem da aviação, “estol” é a situação na qual a aeronave perde sustentação, aumentando exponencialmente o risco de queda. Usando esta metáfora aérea, podemos dizer que a classe de professores no Brasil está ameaçada de “estol”. Baixos salários, violência escolar, desresponsabilização das famílias, precárias instalações físicas, uso exagerado de aparelhos eletrônicos e escassez de leitura por parte dos estudantes promovem a perda de sustentação na “cabine” de nossos educadores.
Na “Pátria Educadora”, os ministros da Educação duram poucos meses. Desta forma, a torre de comando transmite instruções sem sentido, alheias totalmente as condições reais de voo, o que produz quedas bruscas de altitude.
Retomar o controle e a sustentação são, portanto, fundamentais para manter o voo da Educação. Necessitamos de transmissões da torre sem ruídos ou interferências, além de ordem na aeronave. As decisões devem ser compartilhadas com toda tripulação nestas horas críticas. É melhor mais cabeças pensando na saída.
Com a retomada da sustentação, podemos colocar o avião na verdadeira rota da Educação, passando pela aerovia dos salários adequados, plano de carreira, condizentes instalações físicas e público interessado nas aulas.
Depois de criar um currículo nacional mínimo (ele ainda não existe, acreditem!), o trabalho será diversificá-lo com música, teatro, excursões, filmes, debates e trabalho voluntário nas instituições, universalizando o ensino integral já experimentado em escolas de diferentes siglas: CIEP, CIAC e CEU.
Para tanto, é urgente a alteração de nosso modelo de vestibular ultraconteudista e sem engajamento social. Não queremos estudantes que não saibam nada, tampouco estudantes da decoreba. Todos, entretanto, têm o direito de voar.
Modernizar a frota também deve ser um objetivo a curto e médio prazo. Para atingi-lo, mais recursos para a educação são fundamentais, chegando ao tão sonhado 10% do PIB (pelo menos…). Brasil investe pouco nos diversos tipos de ensino quando comparado aos países desenvolvidos. Só em um deles se aproxima em investimentos: no ensino superior. Não à toa nossas universidades estão entre as mais concorridas do mundo.
Sob ataque! Em São Paulo, no estado mais rico da federação, a Educação luta contra o “estol” como em todo o país, porém neste mês de outubro o governo estadual piorou tudo ao lançar mísseis contra sua própria “esquadrilha da Educação”. Os mísseis foram lançados na direção de vários “aviões-escolas”, ameaçados de destruição (fechamento) ainda no ar, e a tripulação de professores terá que tentar salvar o avião, mesmo com o “reajuste zero” da companhia aérea estatal. Haverá paraquedas suficientes?