
Representantes de diversos municípios estiveram reunidos na Campinas
As regras de restrição de captação de água, publicadas no último dia 22 pela Agência Nacional de Águas (ANA) e Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), motivaram a reunião realizada na sede regional de Campinas do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), na manhã da última quinta-feira, 29.
Representantes de diversas cidades paulistas, entre eles gerentes regionais de entidades e pessoas ligadas ao setor industrial, estiveram presentes.
A atualização dos problemas causados pela crise hídrica, que castiga a região Sudeste há mais de um ano impondo riscos diversos à população, e as regras de restrição à captação de água nas bacias dos rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia foram apresentadas por Alexandre Vilela do Departamento do Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
João Zaine, presidente da Câmara de Rio Claro, externou preocupação com o setor industrial da região. Ao seu ver, a escassez hídrica coloca em risco a manutenção de postos de trabalho. “Muitas indústrias estão sendo obrigadas a rever a produção. O cenário que se desenha para 2015, devido à persistência da crise hídrica é muito preocupante. Nossa cidade ainda tem uma posição privilegiada, quanto ao abastecimento, mas muitas empresas são fornecedoras de indústrias instaladas em cidades atingidas pela crise hídrica e isso afeta diretamente toda a cadeia produtiva”, apontou Zaine.
Outro aspecto importante, com relação aos efeitos que afetam diretamente o setor industrial, diz respeito à relação de negócios que encontra-se de certa forma prejudicada. O presidente da Câmara salienta que não basta produzir com qualidade neste ramo. “A entrega tem de acontecer dentro do prazo estabelecido. Sem a garantia hídrica, empresas ficam fragilizadas na hora de fechar os negócios”, detalhou.
De acordo com Alexandre Vilela, a preocupação de Zaine procede, pois além de afetar a economia local com a diminuição de pedidos, outras regiões do país – como Paraná e Mato Grosso onde não há escassez de água – começam a assediar o empresariado que encontra-se instalado no Estado de São Paulo. “Se no momento não há como garantir novos investimentos, temos de unir forças para manter o que já é nosso”, alertou Zaine ao referir-se sobre o que avalia como disputa desigual de mercado por força da natureza.
Para exemplificar a situação caótica de desabastecimento de água na região Sudeste, Alexandre Vilela citou: “O cenário atual é do veículo com o combustível na reserva. A luz está piscando no painel”. Segundo ele, hoje, oficialmente 41 cidades paulistas aderiram ao racionamento de água. “Tambaú já decretou estado de calamidade pública”, frisou.
No encerramento da reunião, João Zaine observou que nenhuma cidade da região Sudeste, incluindo Rio Claro que situa-se próximo da nascente do Rio Corumbataí, pode descartar o risco do desabastecimento de água. Para ele, os municípios localizados em áreas privilegiadas correm o risco de serem obrigados a captar menos para que outras cidades em situações críticas possam ser socorridas. “As regras de restrição de captação de água podem ser criadas e alteradas a todo o momento. Tudo vai depender do quanto a crise vai se agravar nos próximos meses”, finalizou.