O aumento dos acidentes de trânsito e medidas que garantam sua redução reuniram especialistas do setor em audiência da Comissão de Direitos Humanos. Os trabalhos de análises e cruzamento de estatísticas foram desenvolvidos na tarde desta quarta-feira (28) no Plenário da Câmara Municipal.
Conforme as avaliações, Rio Claro tem mais de 150 mil veículos automotores com perspectiva de atingir a faixa de 180 mil nos próximos três anos. Para a atual população de 190 mil habitantes, o índice ganha expressão para uma cidade de ruas estreitas.
A atenção ao tema da mobilidade urbana pela Comissão de Direitos Humanos verifica-se pelo aumento de ocorrências. Dados do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) apontam que neste ano o índice de atendimentos na unidade por acidentes de veículos é de 40%. No ano passado índice era 31%.
O presidente da comissão, vereador Anderson Christofoletti, enfatizou a necessidade de análise da situação e busca de alternativas. “A questão de acidentes de veículos tornou-se tema de Direitos Humanos, pois está diretamente ligado à vida das pessoas, sua saúde e segurança”, assinalou. Na audiência ele historiou as etapas desenvolvidas até o momento e contextualizou os problemas em estudo no âmbito dos direitos humanos.
A Comissão de Direitos Humanos é formada pelo presidente mais o relator, vereador Geraldo Voluntário, e membro, vereadora Maria do Carmo Guilherme. A audiência reuniu a vereadora Raquel Picelli e o vereador Julinho Lopes e representantes de entidades vinculadas ao tema, entre a Polícia Militar, Santa Casa, Centrovias.
O Executivo esteve representado pelos titulares da Secretaria de Mobilidade Urbana, José Maria Chiossi, da Educação, Heloísa Maria da Cunha, do Turismo, René Neubauer, da Procuradoria Jurídica, Cláudio Zerbo e integrantes das secretarias de Cultura, Saúde, Ação Social, Planejamento e do Sest Senat e Cerest.
O escalonamento dos horários de saída como forma de conter congestionamentos na cidade às 18 horas foi defendido pelo representante da Secretaria Municipal de Ação Social, Antônio Carlos Riani Costa. A seu ver, o comércio e a indústria poderiam criar horários alternativos para diminuir o fluxo de veículos, motos e bicicletas nas principais vias da cidade no mesmo horário. “Este escalonamento de horário poderia ter início pela Prefeitura Municipal que conta com número elevado de servidores que também utilizam as vias nos horários de pico”, considerou.
Outra opção apresentada por Riani sinaliza para a proibição de estacionamento de veículos, em ambos os lados, das Ruas 1, 5 e 6, entre outros corredores da cidade, como forma de possibilitar escoamento mais rápido dos veículos nos horários de pico.
Médico do Serviço de Atendimento ao Servidor Público (SAS), Valter Nevoeiro apresentou estatística anual onde consta que no período a Prefeitura Municipal contabilizou 50 acidentes de trajeto. Estes casos, detalhou o profissional, envolvem quedas de bicicletas (35 ao todo) e motos (15 casos) e também colisões. “Estes problemas fizeram a prefeitura perder 400 dias de trabalho (somatória de todos os afastamentos)”, disse Nevoeiro. Em um dos casos, revelou o médico, o servidor, que sofreu acidente de moto, não retornará ao trabalho devido à sequela irreversível.
As enfermeiras Luciana Marquiori e Eliana Souza comentaram sobre o trabalho de capacitação, parceria da Prefeitura Municipal e Sest Senat, através do qual as profissionais das Unidades Básicas de Saúde que visitam moradias vão receber informações sobre o conceito de direção preventiva, como evitar lesões, principais causas de acidentes, entre outros temas.
Secretária municipal da Educação, Heloísa Maria Cunha do Carmo discursou sobre a importância do trabalho nas escolas com alunos que encontram-se na fase da pré-adolescência, aos 11 anos, sobre a educação no trânsito. “Defendo que este trabalho se estenda até os 18 anos, idade em que estas pessoas começam a dirigir”, detalhou.
No encerramento da atividade, Raquel Picelli solicitou apoio da comissão e das autoridades que atuam no setor de trânsito para que de forma emergencial medida de segurança possa ser tomada na Avenida dos Estudantes. A vereadora externou o risco permanente de acidentes, principalmente às pessoas que moram no Residencial Florença, Águas do Rio Claro, Chácara Rupiara e bairro Mãe Preta. “Vamos agendar reunião com o prefeito municipal para tratar do assunto”, disse.
João Zaine observou que o assunto é complexo já que a solução passa pela duplicação da referida avenida. O líder do Governo na Câmara tornou público parceria do município com a Whirpool através da qual a empresa está transferindo o seu estacionamento particular de caminhões para área que se acessa via Avenida Brasil. “Com isso, estaremos tirando todos os caminhões da Whirpool da Avenida dos Estudantes”, enfatizou Zaine.
Como saldo de debate sobre o trânsito, o presidente Comissão dos Direitos Humanos, Anderson Christofoletti, listou as seguintes necessidades de ações:
– Criar sentimento de prevenção e conscientização de que todos devem se envolver no problema;
– Desenvolver políticas públicas que se auxiliem na prevenção de acidentes de trânsito:
– Pesquisar e estudar formas de prevenção a acidentes;
– Educação, fiscalização e punição;
– Fortalecer a iniciativa ao uso do transporte público coletivo;
– Desenvolver mecanismos de parceria e integração entre entidades do município.