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Reunião na Câmara debate os rumos da segurança em Rio Claro

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Aconteceu ontem (26) no Plenário da Câmara Municipal uma reunião entre os vereadores e as autoridades responsáveis pela segurança no município de Rio Claro com o objetivo de discutir e encontrar as soluções necessárias para combater o aumento da violência na cidade.

A vereadora Maria do Carmo Guilherme (PMDB) abriu a reunião e citou que somente através da união entre os diversos poderes estabelecidos e com ações conjuntas os índices de criminalidade poderão diminuir. “Pela primeira vez em sua história a Câmara Municipal realiza um debate entre os vereadores, Polícia Militar, Polícia Civil e com a Secretaria de Segurança” citou. “Estamos reunidos com um único objetivo, que é discutir e buscar soluções concretas para combater a violência”.

Em seguida, Raquel Picelli (PT), mencionou aos participantes que o Legislativo é muito cobrado pela população, principalmente no que diz respeito aos locais usados por usuários para o consumo de drogas ilícitas, à segurança destinada a área rural do município e à crescente onda de violência na área urbana. Nesse momento a vereadora Maria do Carmo reiterou essa observação e acrescentou que em alguns locais ainda se observa um acentuado crescimento do vandalismo e o uso de vias públicas para a realização de “rachas”.

O tenente-coronel Marco Antonio Melli Bellagamba, comandante do 37º Batalhão de Polícia Militar do Interior, foi a primeira autoridade policial a falar e enfatizou que “a Polícia Militar vem mostrando a sua capacidade perante os problemas enfrentados” e que “o bem deve prevalecer sobre o mal”.

Bellagamba, que está há quatro meses exercendo a função de comandante, esclareceu que a Polícia Militar atua de acordo com os indicadores de violência do município e que o efetivo é direcionado conforme a leitura destes índices. “Analisar os indicadores é imprescindível para desenvolver a melhor estratégia para o deslocamento do efetivo e assim combater com maior eficiência os focos de violência”. Ele também frisou a importância e a necessidade de uma maior participação da população nos Consegs (Conselhos de Segurança) e que a sociedade civil deve passar informações à policia. “Nosso grande obstáculo é fazer a população entender que ela deve participar principalmente no que diz a denúncias” destacou.

O vereador Paulo Guedes (PSDB) ressaltou a importância das rondas ostensivas em praças públicas e monitoramento das portas de escola. “Com base em estratégias diferenciadas de prevenção e repressão, as operações devem ser de acordo com as necessidades específicas de cada comunidade ou região” citou.

O titular da Delegacia Seccional de Rio Claro, Marcos Garcia Fuentes, explicou que o trabalho da Polícia Civil acontece depois do crime ter ocorrido, exceto com relação às drogas, já que nesse caso, as operações são integradas entre as polícias civis e militares. O delegado também frisou a questão da participação popular, pois é de suma importância para a prevenção e solução de um ato criminoso.

O vereador Anderson Christofoletti (PMDB) indagou as autoridades sobre a quantidade de viaturas disponíveis para atender a população. “Quando necessitei de uma viatura, não fui prontamente atendido. Em duas oportunidades tive que recorrer à Guarda Municipal. Existe algum problema nesse sentido?” perguntou o parlamentar.

De acordo com o tenente-coronel Bellagamba, ao identificar a existência de uma nova solicitação no sistema, o despachante de patrulhas procede a uma pesquisa da viatura mais próxima do local. Em seguida ele transmite a solicitação através da frequência de rádio da respectiva unidade, passando a acompanhar todos os fatos relacionados com aquele atendimento, até o encerramento. “Existe um número de ocorrências muito grande e em horários de pico pode não haver carros para a demanda” explicou e “caso aconteça algum erro ou falha, elas serão investigadas” concluiu.

O vereador Professor Dalberto (PDT) ressaltou que não falta empenho, tanto por parte da Polícia Militar, quanto da Polícia Civil, e, de acordo com seu ponto de vista, existe erro de planejamento já que faltam recursos e a política de segurança pública do estado era falha. “Fernando Grella Vieira assumiu no lugar de Antonio Ferreira Pinto a frente da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Quais foram as principais medidas adotadas por ele após sua posse?” indagou.

O delegado Marcos Fuentes disse que existe a possibilidade de Rio Claro ser contemplado com novos funcionários para a Polícia Civil. Bellagamba, por sua vez, informou que a PM deve, em breve, integrar todos os departamentos que trabalham com segurança pública e a partir dessa reestruturação administrativa poder migrar o maior número de policiais para a rua.

Nesse momento o Secretário Municipal de Segurança Gustavo Viegas Carneiro tomou a palavra e salientou a importância do Legislativo e do executivo em criar projetos que minimizem a desigualdade social. Alguns temas foram levantados pelo secretário durante sua fala: “Hoje a polícia trabalha e produz mais, mas ao mesmo tempo, a criminalidade aumenta” pontua. ”O modelo atual não deu certo” completa o secretário.

Viegas ainda declarou que os países que adotaram a descriminalização obtiveram resultados positivos com a medida, constatando em números a queda no consumo de drogas, nos índices de criminalidade e na transmissão de doenças. “Precisamos criar políticas públicas de integração dos sistemas e vencer o corporativismo. Nós temos que pensar em que tipo de cidade queremos ter para viver e isso dependerá de esforços suprapartidários”.

O presidente da Câmara Municipal, vereador Agnelo Matos, destacou a atuação da Polícia Civil, mas questionou o tempo que se leva para lavrar os boletins de ocorrência. O delegado Marcos Fuentes argumentou que o processo burocrático demanda tempo e todas as etapas devem ser respeitadas, no entanto, admitiu que o plantão policial atualmente possui uma carência na quantidade de escrivão e que deseja solucionar essa questão rapidamente.

O vereador Julinho Lopes (PP) abordou outro ponto que preocupa a população. “Hoje a polícia tem dificuldade em realizar seu trabalho ostensivo, pois os bandidos estão mais bem aparelhados” citou. Ele também observou que o gasto realizado na recuperação de criminosos é alto, menor que, por exemplo, o investido na educação. “Devemos investir mais na educação, hoje os valores estão invertidos, se gasta mais dinheiro com detentos do que se investe na formação de nossos jovens” finalizou.

O líder do governo na Câmara, João Zaine (PMDB), indicou para que seja discutida com a sociedade a mudança da maioridade penal. “Devemos pensar em criar leis mais rígidas, pois muitos menores praticam crimes cientes daquilo que estão fazendo” citou o vereador. “É preciso tratar as exceções como exceções” finalizou.

O vereador Juninho da Padaria (DEM) elogiou o trabalho da polícia e mencionou que o mesmo pode ser facilitado se as ruas forem bem iluminadas e a cidade bem cuidada. Ele ainda acrescenta que não basta apenas o policiamento nas ruas. “É necessário investir na educação, na formação de cidadãos, para que eles tenham acesso a uma vida digna e não sejam seduzidos pela criminalidade” argumentou.

Para o vereador Geraldo Voluntário (DEM), o encontro foi essencial para que todos os problemas sejam discutidos e que desta forma, as soluções sejam encontradas.

A vereadora Raquel Picelli reforçou a necessidade da realização de um planejamento estratégico envolvendo a Polícia Civíl, a Polícia Militar, Guarda Civil Municipal, do Ministério Público, do Poder Judiciário, dos Consegs e da Secretaria de Ação Social, definindo meta a curto, médio e longo prazo.

Maria do Carmo finalizou o encontro enfatizando a importância de que outras reuniões sejam realizadas. A reunião contou ainda com a participação do Capitão da PM, Rodrigo Arena, e do Secretário de Agricultura, Carlos Alberto Teixeira De Lucca.