Inaugurado em setembro de 2006, o Canil-Gatil Municipal Doutora Jenye de Lara Carvalho Casale de São Carlos, através de ação eficaz, consolida-se como referência regional no trabalho que visa o bem-estar animal. Na última segunda-feira, dia 18, o vereador Dalberto Christofoletti, conhecido também como Professor Dalberto, esteve na cidade vizinha para conhecer as instalações bem como o seu funcionamento.
No local, o vereador foi recebido pelo diretor de Defesa e Controle Animal, Jilverson Rodrigo Moraes. Somente em 2012, comentou o responsável pela unidade, foram realizadas mais de 3.500 consultas. Atento aos procedimentos, por entender que há carência em Rio Claro, o Professor Dalberto questionou Moraes sobre o passo a passo para que um animal possa ser atendido no local.
O diretor explicou que o Canil-Gatil, que conta também com local para a recuperação de equinos, possui dois setores distintos. Se o animal possui dono, ele é atendido no ambulatório. Agora, se o animal está desamparado e apresenta problema de saúde ele é internado. O atendimento ao público acontece das 13 às 17 horas. No período da manhã, as veterinárias concentram o trabalho nos animais internos. “O plantão é permanente. Se um animal é atropelado, por exemplo, temos de recolhê-lo o quanto antes. Aqui, lutamos dia e noite para preservar a vida do animal”, assinala Moraes.
Atualmente, comentou Moraes, a unidade abriga 30 cavalos, 30 bovinos, 260 cães e 150 gatos. Para manter esta estrutura funcionando, a Diretoria de Defesa e Controle Animal conta com orçamento municipal, neste ano, de R$ 780 mil. Deste valor, detalha o diretor, R$ 400 mil são para a manutenção – o que inclui a compra de medicamentos para os animais e combustíveis para as viaturas – e o restante destinado à folha de pagamento. “Temos três veterinárias concursadas e outras três comissionadas, fora os demais funcionários que completam o quadro de 18 ao todo”, explicou.
Se o animal possui dono e encontra-se com problemas de saúde ele dá entrada na sala de espera, cita Moraes, onde inicialmente é feito um cadastro. Através desta ficha, o Canil-Gatil passa a monitorá-lo e também é feita o que a diretoria chama de filtragem.
Feito o cadastro, o animal passa para o ambulatório onde recebe a atenção do veterinário. Neste setor, é fornecido o suporte básico, ou seja, trata-se do Pronto Socorro do Animal. “Se houver a necessidade de uma intervenção mais complexa é preciso fazer uma análise caso a caso. Se o dono do animal não tem condições de arcar com o tratamento fazemos encaminhamentos ou mesmo na nossa unidade tomamos providências”, comenta Moraes ao revelar que o Canil-Gatil conta com apoio de uma Organização Não-Governamental (ONG) que também realiza alguns tipos de exames gratuitamente, como por exemplo, o Raio-X.
“É preciso ressaltar que o Canil-Gatil não é um depósito de animais. Não recebemos cães e gatos simplesmente pelo fato do dono não querer mais o convívio”, cita o diretor. Ele explica que já ocorreu caso de um cachorro morrer por solidão. “Ele chorava dia e noite de saudades do dono”, lamenta. “Recuperamos as necessidades básicas do animal, mas, não conseguimos suprir a falta do carinho do dono”, frisa Moraes.
Outro trabalho importante desenvolvido pelo Canil-Gatil Municipal refere-se às adoções. Mensalmente, cerca de 90 animais são adotados em São Carlos. O número elevado tem como base o bom estado que o animal se encontra após período de tratamento e recuperação. “Sem as adoções, não teríamos como manter todos os animais aqui”, alerta o diretor afirmando que mantém a unidade aberta à população como forma de estabelecer vínculo entre os internos e pessoas que gostam do convívio com animais.
A unidade adotou três procedimentos de segurança que vêm dando bons resultados. O primeiro deles é manter os gatos soltos na ampla área. O Gatil serve como base para que os animais possam ter acesso 24 horas à alimentação e água. “Se os gatos ficassem confinados em uma área, com certeza, um animal doente iria contaminar os demais”, explica Moraes.
Outra providência refere-se à área de isolamento no Canil onde se encontram os chamados cães agressivos. Entre eles, rottweiler, doberman e o pitbull. Um novo setor, que contará com áreas interna e externa, está em fase final de construção para abrigar estes tipos de animais.
A terceira providência, cita o diretor, foi a de colocar chip nos cavalos. Entre as informações, encontra-se o nome do proprietário. “Com isso, em caso de acidente de trânsito, envolvendo cavalo solto pelas ruas, o seu proprietário poderá ser responsabilizado”, aponta Moraes.
O Canil-Gatil Municipal Jenye de Lara Carvalho Casale foi idealizado pela vereadora Laíde Simões, do PMDB, que se encontra no quarto mandato no Legislativo de São Carlos. “O bem-estar animal, a meu ver, precisa ser tratado como política pública. Realizamos mais de duas mil castrações no ano passado. Sem este trabalho, a população animal em São Carlos seria o triplo da atual. Estamos falando de animais soltos pelas ruas causando acidentes, mordendo pessoas e proliferando doenças”, finalizou Jilverson Morares.
O Professor Dalberto, que defende a criação da Diretoria do Bem-Estar Animal em Rio Claro, vai encaminhar relatório completo do Canil-Gatil de São Carlos ao prefeito Du Altimari além de abordar o assunto no plenário da Câmara Municipal. “Estamos aqui diante de um sistema que funciona. Assim como disse o diretor Moraes, o bem-estar dos animais precisa ser tratado como política pública. O sucesso do trabalho depende da seriedade das ações”, finaliza o parlamentar.