
O jurista Luiz Flávio Gomes em palestra realizada no Centro Cultural Roberto Palmari
O jurista Luiz Flávio Gomes apresentou a palestra “Indignação Massiva, Estado de Direito e Democracia Digital” na tarde da última sexta-feira, dia 8, no Centro Cultural. A atividade fez parte da programação do Fórum Regional de Segurança Urbana e Rural – Paz no Campo e na Cidade organizado pelo vereador Paulo Guedes.
Com relação à segurança, Luiz Flávio observou que o Brasil aumentou para R$ 61 bilhões os gastos no setor. E, pergunto: “Os investimentos causaram a diminuição dos crimes?”, questionou. “Lógico que não”, afirmou na sequência.
Para o jurista se trata de erro fazer investimentos sem rota definida bem como criar leis e mais leis para tornar mais severa as penas. “Nos últimos 73 anos o Brasil criou 149 leis penais. Assim que implantadas, os índices de violência baixam um pouco, mas, depois sobe novamente”, disse Luiz Flávio ao detectar o chamado efeito gangorra.
Para ele, somente através de políticas públicas é que o combate à onda de violência poderá ser eficaz. “Defendo que até 18 anos a pessoa deve ficar na escola em período integram, praticamente um serviço militar educacional. Quando chegar em casa, vai se alimentar e dormir porque tem a consciência que no dia seguinte a jornada vai iniciar às 7 horas”, explicou ao defender ainda a proibição de circulação pelas ruas de pessoas em idades escolares pelas ruas das 7 às 18 horas.
Ao comparar a disputa por vagas em universidades públicas, hoje em dia, com alunos da rede privada de um lado e de escolas públicas de outro, o jurista disse que é com colocar a Seleção Brasileira de futebol em campo para enfrentar um time de várzea. “A diferença é brutal. A educação pública hoje é de péssima qualidade, horrível”, disparou.
Os índices de violência são tão alarmantes, apontou o jurista, que o filho sai para “a balada” e nenhum pai ou responsável tem a certeza de que ele retornará. “O trânsito também tornou-se muito violento. A qualquer momento, qualquer pessoa pode morrer baleado em um cruzamento. Este é o Brasil que criamos”, lamentou.
Para Luiz Flávio, o Brasil hoje é um país doente contaminado por tantas notícias de violência. Ele exemplificou a fala dizendo que na televisão, diariamente, 50% das programações são destinadas a reportagens de assassinatos, assaltos e morte no trânsito. “Estamos paranoicos. Em resumo, um povo primitivo onde a cultura da violência prevalece”, alertou.
Na parte final da sua fala, o jurista expôs dados estatísticos que comprovam a triste realidade do brasileiro. “No país, 270 pessoas morrem por dia entre assassinatos e mortes no trânsito. No tempo que estou aqui conversando com vocês, muitas vidas foram ceifadas. Estamos diante de um campo de guerra”, declarou antes de questionar: “Que país é este? É preciso frear a máquina de triturar carne e ossos banhados a sangue”.
No encerramento, Luiz Flávio parabenizou o trabalho desenvolvido pelo Papa Francisco quem avalia estar conectado de forma correta com as tradições cristãs. “Respeita os divorciados, a preferência afetiva das pessoas entre outros temas polêmicos antes tratados de forma rígida sem a mínima possibilidade diálogo”, afirmou. “Parabenizo o Paulo Guedes pela iniciativa e organização do Fórum. Para construir uma sociedade melhor é preciso dialogar e esta atividade abre espaço importante para que possamos dar a nossa cota de contribuição”, finalizou.